Sociedade urbana, inovação tecnológica e a nova geopolítica
Keywords:
Geopolítica, Urbanização, Inovações tecnológicas, Planejamento urbano, Geografia urbanaAbstract
Este trabalho propõe alguns pontos de balizamento para o debate das relações entre as mudanças verificadas na sociedade urbana e o processo de planejamento/gestão do território, e argumenta as inovações tecnológicas estão alterando as relações entre os microespaços e as redes transnacionais, gerando uma geopolítica que pode ser concebida agora a partir dos lugares.
Inicialmente se reconhece que os avanços da microeletrônica têm potencial para alterar os métodos de produção e uso da informação, os meios de comunicação e a organização do trabalho, com impacto potencial sobre a geografia da produção e sobre os mecanismos de articulação entre escalas geográficas.
No que se refere às sociedades urbanas, enfatiza: a) as novas políticas urbanas que afirmam a positividade da grande cidade e a transformação da cidade, ela mesma, em mercadoria, o que incentiva políticas de “imagem de marca” que revitalizam diferenças culturais como uma estratégia de superação de um urbanismo pouco imaginativo; b) o aparecimento de uma população urbana não produtora de mais valia, marginalizada dos circuitos de acumulação porém grande consumidora de serviços assistenciais, criando a necessidade de modificar as relações entre estado e empresa para a gestão do mercado de trabalho e reforçando a necessidade do governo do território.
A gestão ou governo do território é entendido como processo político que legitima a negociação/interação entre as partes envolvidas na administração da economia e do território, diferenciando-se do planejamento pelo estímulo às inovações e criatividade e pela possibilidade de adaptação à instabilidade decorrente da pluralidade de pontos de vista inerentes ao tecido social.
Finalmente, assinada a transformação do espaço industrial diante das modificações introduzidas pelas inovações tecnológicas, principalmente aquelas referentes às redes de telecomunicações. Tais redes permitem o ·curto-circuito" na articulação das escalas geográficas, ou seja, a relação direta entre os microespaços e as redes transnacionais, esboçando-se uma nova geopolítica que atua no sentido de colocar o local na rede internacional.
- Abstract:
This paper proposes some markers for the debate on the relationship between changes observed in urban societies and the process of planning and management of territories, arguing that technological innovations can alter the relation of micro-spaces with transnational networks, pointing towards a new form of geopolitics now possible to be conceived from places.
Technological changes such as those brought about by microelectronics are altering methods of production and use of information, redesigning the geography of production and the sociopolitical mechanisms that link geographical scales. In this new context, urban policies tend to revitalize cultural differences perceived in a global scale as an economic strategy, developing an "image" of the city that turns the city itself into an item to be merchandised asserting its place in a network of world cities. This strategy is encumbered however by a growing urban population that does not produce surplus value, a population that is marginal to accumulation circuits but with an overgrowing consumption of social services. This strained situation points towards the need to change existing channels of negotiation between the State and private firms for the management of labour, reinforcing also the need for territorial government.
Government or management of territories is here understood as a political process that may legitimate interaction and negotiation among social agents with conflicting interests but that nevertheless partake in some manner of its destiny.
Communications networks are permitting the formation of "short circuits" in the articulation of geographical scales, that is, the direct connection of micro-spaces with transnational networks, outlining a new geopolitics directed towards positioning places in such networks.