A apropriação do espaço agrário pela pecuária no Centro-Oeste

Autores

  • Dora Rodrigues Hees
  • Tereza Coni Aguiar

Palavras-chave:

Geografia Rural, Pecuária, Economia Agrícola, Rural Geography, Livestock, Agricultural Economics, Centro-Oeste

Resumo

O forte crescimento apresentado pela pecuária no Brasil, sobretudo, a partir da década de 60 e, em especial, na Região Centro-Oeste, despertou interesse no seu estudo a fim de se entender as condições criadas para o seu desenvolvimento e o significado da expansão dessa forma de apropriação do espaço agrário.

O crescimento da atividade criatória tem-se dado tanto através da conquista de novos espaços, com base na grande propriedade rural, quanto pela substituição da lavoura pela pecuária, frequentemente em área de pequena produção. A rapidez com que se processa essa forma de ocupação do espaço, a grande extensão de áreas que abrange, as repercussões sobre a organização do espaço e as consequências sociais que acarretam, tornam relevante o estudo do processo de pecuarização no Centro-Oeste.

Nesse trabalho, foram analisadas, para o período de 1970/80, variá\leis que pudessem expressar o crescimento da atividade criatória, bem como o seu sistema de produção no Centro-Oeste. Constatou-se que, nesse período, se deu uma forte ampliação do espaço agrário com a pecuária bovina, fruto de estímulos governamentais. Porém, verificou-se, também, ser ainda muito elevado o grau de subutilização das terras, dado o caráter extensivo da criação bovina. Esta característica pode expressar uma racionalidade do comportamento do pecuarista, pois, sobretudo no caso da pecuária de corte, torna-se vantajoso, muitas vezes, o processo de produção que se baseia na utilização de grandes áreas com um minimo de inovações tecnológicas. O grau de extensividade da criação bovina pode ser entendido, ainda, pelo fato de a pecuária constituir uma forma de captação dos incentivos fiscais para a compra de terras. Assim, a pecuária passa a ser a atividade mais adequada para encobrir a obtenção de lucros, não através do uso produtivo do solo, mas pela valorização que a terra, em si, poderá vir a ter.

Essa forma de apropriação do espaço agrário tem sido responsável pela intensa mobilidade espacial de segmentos da população rural que não conseguem ser absorvidos no processo de produção agropecuária. Necessária se faz, portanto, a revisão desse modelo de ocupação que privilegia o grande empreendimento conduzindo ao uso improdutivo/especulativo da terra e que não considera a sua função social.

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Publicado

2019-01-31

Edição

Seção

Artigos