Transformações do quadro urbano brasileiro: Período 1970 - 1980

Autores

  • Fany Davidovich

Palavras-chave:

Crescimento Urbano, Urbanização, Geografia Urbana, Renovação Urbana, Urban Growth, Urbanization, Urban Geography, Urban Renewal, Brasil

Resumo

A proposta do trabalho visa a ressaltar a importância de se conhecer as transformações do espaço de uma sociedade dominantemente urbana e em renovação, como é a do nosso País.

O quadro urbano do Brasil deve ser relacionado a um modelo de crescimento econômico e modernização acelerada, conduzido por uma importante atuação do Estado, em que a indústria veio a representar a principal base produtiva, a expansão do aparato tecnoburocrático e militar se constituiu em esteio da maximização do poder e a urbanização em estratégia e suporte material desse processo. Mas o quadro urbano também deve ser relacionado ao novo padrão mundial da economia, que implica na expansão de um chamado capital global e que tende a estruturar mercados, produção, trabalho, decisões num espaço globalizado, regido por intensos fluxos financeiros e de informação.

A inserção do espaço nesses novos rumos da política econômica envolveu principalmente:

- O reforço do circuito da metropolização, locus mais importante da indústria; São Paulo e Rio de Janeiro apresentam características de “cidade mundial”;

Grande crescimento urbano de cidades do interior, pontos principais de apoio de uma expansão agrícola modernizada voltada para a exportação; e - grandes incrementos relativos de população urbana em áreas de frentes pioneiras do Norte e Centro-Oeste.

Descendo o nível da análise, foram caracterizadas como principais transformações do espaço urbano no País:

1 - espaços urbanos consolidados, mas em intensa reestruturação, envolvendo: a - regiões metropolitanas, através da renovação urbana e da expansão das periferias; b - a subversão da rede hierarquizada de centros inseridos no circuito da metropolização; c - a polarização exercida por capitais estaduais e determinados centros regionais, esvaziando a organização urbana anterior; e d - a especialização industrial, relacionada à expansão dos interesses metropolitanos.

2 - espaços urbanos em estruturação envolvendo regiões de ocupação instável, como as áreas de fronteira e trechos das próprias periferias metropolitanas, além dos centros enclave vinculados a grandes projetos de exploração agro mineral

3- a tendência a uma crescente politização do espaço, seja em decorrência de investimentos e políticas do Estado no contexto urbano, seja em função dos movimentos de organização da população, ainda que incipientes.

Nas considerações finais, foi assinalado o aparecimento de fenômenos de escala, que tendem a formar nova malha territorial e que são representativos de relações de poder. Apontou-se, também, para medidas que possam viabilizar um uso mais democrático da cidade, entre as quais aquelas que venham a atenuar efeitos perversos de uma exagerada segregação social.

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Publicado

2019-01-30

Edição

Seção

Artigos