Os Colonos de Rondônia : conquistas e frustrações

Autores

  • Maria Helena Fernandes de Trindade Henriques

Palavras-chave:

Colonização Agrária, Geografia da População, Migração, População Rural, Agrarian Colonization, Geography of the Population, Migrtion, Rural Population

Resumo

Este artigo faz parte de um conjunto de três que se destinam a avaliar a política de colonização dirigida em Rondônia em algumas de suas dimensões. constituintes. No primeiro artigo, examinou-se a sua dimensão de política social; no segundo, o seu impacto na dinâmica demográfica da área; finalmente, aqui, pondera-se e. sua eficiência enquanto mecanismo que busca transformar os trabalhadores que chegam a Rondônia em agricultores independentes. Um levantamento realizado em dois Projetos de colonização na área - Ouro Preto e Ji-Paraná - proporcionou uma boa maneira para se examinar os colonos enquanto população alvo da política de colonização. Suas condições de vide. são precárias, posto que a grande maioria deles vive em taipas ou choupanas, 18% têm água encanada e 5%, fossa séptica. Estas percentagens pertencem aos colonos de Ouro Preto, Projeto mais antigo e melhor estruturado que Ji-Paraná, para esse último as percentagens são ainda mais baixas. As condições de vida precárias se associa um status de saúde deficiente. Durante o mês anterior à entrevista, 65% dos colonos interromperam a sua atividade normal devido a razões de saúde, sendo a malária e a gripe apontadas como as doenças mais frequentes.

A estrutura etária dos colonos é mais envelhecida do que a dos chefes de família rurais. Ser casado ou viver em união consensual é praticamente universal entre eles, posto que esta condição é um dos c1itérios qualificatórios para receber o lote a fim de que prevaleça o modelo de agricultura familiar na colonização dirigida. Essas características; sugerem a presença de um alto nível de fecundidade, de fato encontrado a partir de estimativas via o Levantamento. A Taxa de Fecundidade Total encontrada foi de 6,93 filhos por mulher; ainda mais revelador que esse valor é o fato de que esta cifra se realiza a partir de um número médio de gestações bem maior (9,84 ao final do período reprodutivo) que se associa a um elevado nível de perdas fetais e mortes infantis, implicando assim um claro risco à saúde da mãe.

A concentração dos colonos com respeito ao lugar de residência anterior é bem acentuada: 90% deles vieram dos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Mato Grosso. Enquanto os dois primeiros Estados têm tradicionalmente expulsado população, o Paraná e Mato Grosso eram fronteiras anteriores, tinham recebido consideráveis correntes migratórias mas, tomaram-se incapazes de reter os migrantes em base permanente, como transparece nos dados. Existem indicações de que algo semelhante pode já estar ocorrendo em Rondônia. Se um processo de renovação dos colonos está a caminho, o mesmo não acontece através dos agregados – morador por lote que trabalha para o proprietário enquanto aguarde. o momento de receber o seu próprio lote e assim tornar-se um colono - já que 95% dos atuais colonos nunca passaram pela condição de agregados antes.

Os dados sobre a existência de mecanismos institucionais ao alcance dos colonos mostraram que esses operam a graus variados de eficiência. A demarcação e a concessão de lotes são os mais visíveis e eficientes enquanto que o crédito e a assistência técnica ainda não alcançaram 1/3 dos colonos. Não existe impacto diferencial desses mecanismos entre os Projetos Ouro Preto e Ji-Paraná.

Se os mecanismos institucionais são insuficientes para explicar diferenças na produção, parece ser que o trabalho no lote por si só não é suficiente para garantir a subsistência da família. Dos colonos e suas famílias de Ji-Paraná, 33% venderam sua força de trabalho; 10% deles o fizeram por um período maior que quatro meses. Apesar disso, os níveis de satisfação expressados pelos colonos com a sua situação atual são elevados segundo qualquer padrão; mais de 80% deles declararam estar melhor agora do que antes e mais de 90% expressaram seu desejo de permanecer em Rondônia. O desafio do Governo é tornar essa opção viável.

 

 

- Abstract:

This article is part of a three-article set aiming to evaluate the directed colonization policy in Rondônia. in some of its implicit dimensions. In the first article the policy was examined in its social policy dimension; in the scared, in its impact on the demographic dynamics of the area; finally, this article analyzes the policy efficiency in its ability to transform agricultural workers into autonomous farmers.

A survey conducted in two colonization projects in the area. - Ouro Preto and Ji-Paraná - provided better insights on the settlers as the target group of the policy. Their living conditions were poor, as the large majority lived in Jog cabins are adobe houses, 10% had piped water and 5% had covered cesspools. These percentages were for Ouro Preto, older and better-structured than Ji-Paraná, which held lower percentages. Poor living conditions were associated with poor health status. Sixty-five percent of the settlers interrupted their normal activity during the month prior to the interview for health reasons, malaria and flu being the most frequent- diseases

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Publicado

2019-01-30

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Seção

Artigos