O Trabalhador volante na agricultura
Palavras-chave:
Agricultura, Trabalho, Trabalhadores rurais volantes, Economia agrícola, Job, Agriculture, Flying rural workers, Agricultural economyResumo
Este trabalho resulta de uma primeira interpretação dos dados censitários demográficos de 1980 sobre os trabalhadores agrícolas volantes, pela primeira vez investigados pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Seu objetivo central é a busca de uma compreensão mais ampla do significado da utilização dessa mão de obra nas atividades produtivas do setor rural, assim como a descrição de alguns aspectos socioeconômicos a ela concernentes. Para atingir esses objetivos retomam-se, inicialmente, algumas características que vêm definindo, ao longo do tempo, a evolução da agricultura brasileira, dadas as estreitas vinculações entre modernização das atividades agropecuárias e mudança nas relações sociais de produção; o trabalhador volante aparece neste contexto, como o resultado concreto de contradições implícitas no processo de expansão do capital no campo. As características socioeconômicas verificadas para esse conjunto da população: situação de domicílio, analfabetismo, composição segundo idade e sexo e níveis de rendimentos refletem sua condição de grupo marginal, que se insere no processo de trabalho na condição de mão de obra volante como alternativa de sobrevivência. O estudo revela, ainda, diferenças regionais quanto a elementos externos caracterizadores da população objeto de análise, e vem mostrar, também, que a tentativa de defini-la enquanto categoria específica da força de trabalho só tem sentido se se considera a maneira como se concretiza a sua relação de emprego, isto é, sem nenhum vínculo formal e, portanto, de caráter vulnerável. Esta condição vai facilitar ao capital usufruir-se de uma força de trabalho de custo ainda mais baixo do que no caso da utilização da mão de obra permanente.