Considerações sobre o fenômeno migratório na área servida pela Estrada de Ferro Carajás

Autores

  • Olga Maria Shild Becker
  • Brasil Programa Grande Carajás

Palavras-chave:

Maranhão, Carajás, Ferrovias, Planejamento Regional, Migração, Geografia da População, Railways, Regional Planning, Migration, Geography of the Population, Serra dos Carajás, Pará

Resumo

Pretende-se, neste estudo, caracterizar o processo migratório desencadeado ao longo dos municípios cortados pela Estrada de Ferro Carajás, tentando identificar os mecanismos comuns de apropriação desses espaços. Busca-se, também, entender o significado das migrações nesta etapa de reocupação de áreas em retaguarda de fronteira.

O trabalho foi desenvolvido através de uma leitura censitária dos deslocamentos populacionais e complementada por um estudo sobre a tendência migratória recente, percebida a partir de pesquisa direta realizada com passageiros transportados pela ferrovia.

A área em foco representa um exemplar modelo de transição do rural para o urbano, tendo em vista o caráter predominantemente rural das populações que se destinam às suas periferias urbanas, e a função crescentemente urbana dos aglomerados rurais (povoados) que se multiplicam ao longo das rodovias e principais eixos de penetração.

A ocupação capitalista desses espaços vem-se processando, entre outros aspectos, através do avanço do assalariamento, destacando-se a proliferação de verdadeiros “canteiros de mão de obra”, alimentados por uma população extremamente móvel. tanto do ponto de vista espacial, quanto ocupacional. Tal mobilidade decorre, em especial, da progressiva dificuldade de acesso à terra enfrentada pelo pequeno produtor.

Por outro lado, a análise da posição na ocupação apresentada pelos migrantes recentes revelou, também, a ocorrência de formas intermediárias nas relações de produção, como são exemplos as categorias “conta própria” e “sem remuneração”, que atestam a presença, ainda importante na área, das relações não tipicamente capitalistas. Assim, a manutenção, de um lado, destas formas intermediárias nas relações de trabalho, e, de outro, a expansão do assalariamento permitem inferir a ocorrência de uma reestruturação do mercado de trabalho na área em questão.

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Publicado

2019-01-31

Edição

Seção

Artigos